quarta-feira, 28 de julho de 2010

Aprender a confiar

Eu acho que nunca escrevi algo tão íntimo. A meditação anterior foi um pouco, mas não tanto quanto acredito que essa será. Mas a verdade é que apenas falar com um e outro sobre o que te aflige - ainda que seja com o esposo e você tente falar tudo que sente e pensa - às vezes não é suficiente. Sou do tipo que parece que tem que escrever para externar perfeitamente. Não é à toa que faço parte de uma comunidade do orkut que se chama: "Escrever é minha terapia". Mas quero escrever hoje não apenas para desabafar, mas porque creio que haja alguém que pode vir a se identificar com o que estou passando, e pode ser que se sinta melhor após ler.

O fato é que ando em dúvida. Ando como quem andaria sobre uma nuvem, se isso fosse possível. O tempo todo com medo de afundar e cair numa queda sem fim. Ando sem saber o que fazer, o que pensar. Tenho medo até de dizer, mas talvez ande sem fé também.

Sempre fui daquele tipo de pessoa que adora pregar, se envolver nas atividades da igreja, viajar com o coral. E quando fazia qualquer uma dessas coisas, sempre me pegava pensando por que havia demorado tanto a aceitar a Deus em minha vida, pois poderia estar desfrutando desses momentos há mais tempo. Depois que meu esposo veio fazer Teologia, e nos mudamos, parece que esse meu "eu" ficou para trás. Simplesmente deixei tudo isso de lado. Até ir à igreja aos sábados pela manhã se tornou penoso. Não mais me envolvi em pregações (preguei uma vez, apenas, depois de me mudar, e lá se vão mais de três anos), não canto mais em coral, não me envolvo tanto em atividades eclesiásticas como fazia...

Claro, a mudança de vida foi, em grande parte, responsável por tudo isso. Comecei a trabalhar e depender de mim mesma, e não de meus pais, como era antes. Tive que passar a conviver com a realidade de ser esposa, cuidar de uma casa, pagar contas. Tudo isso é muito bom, mas também cansa e estressa muito. Pelo fato de meu esposo fazer Teologia, a cada sábado (antes era a cada semestre) estamos numa igreja diferente, o que dificulta a criação de vínculos e, consequentemente, o envolvimento na igreja. Por esse fato, também não posso participar do coral daqui, pois envolve muita atividade, coisa para a qual eu não teria tempo.

No começo, isso parecia normal. Afinal, eu ia para a igreja todo sábado, estudava a lição e orava, dava o dízimo. Fazia o que um cristão deve fazer. Mas hoje fico pensando em quanto poderia ter feito, em que outras atividades alternativas poderia ter me envolvido, se não tivesse sido tão medrosa ou preferido ficar na "zona de conforto". Tais atividades talvez nem fossem tão complicadas, cansativas ou difíceis, como eu imaginava. Mas o fato é que a sensação é de que "agora é tarde". Pode ser que não seja, mas é o que sinto. E ler a Bíblia, estudar a lição, orar, isso não é tudo. Sinto falta de algo mais, que não sei bem explicar o que é. Quero sentir Deus, em vez de apenas saber que Ele está comigo e que ter conhecimento disso é o suficiente. Quero ouví-lo, tocá-lo...

Outra coisa que me incomoda é o fato de não sabermos bem o que vai acontecer quando meu esposo se formar. Na nossa denominação, quando alguém se forma em Teologia, é chamado para alguma igreja que necessite de um pastor. Acontece que ainda não sabemos que lugar é esse, no nosso caso. Meu esposo, que tem sonhos de fazer mestrado e doutorado, ainda não sabe como nem quando vai fazer isso. Eu, que não tenho grandes ambições para minha carreira, apenas quero fazer residência, preciso ir para um lugar em que possa prestar o concurso, mas tenho medo, pois não sei para onde iremos.

Com todo esse turbilhão de coisas, tenho ficado muito ansiosa (até insônia, coisa que eu nunca tive, estou tendo agora), e também muito triste. E talvez nem devesse ficar tanto na internet, mas ela até que me ajuda a espairecer. E foi então que tive a ideia de escrever essa meditação. Não só para me ajudar, como falei antes, mas para ajudar outros. Para fazer algo de útil com essas coisas que estou vivendo. Não tenho as respostas. Não sei o que Deus quer de mim. Queria ter certeza de que estou no caminho certo, de que Ele quer que meu esposo seja mesmo um pastor/professor, de que nossa vida deve ser para serví-lO em Sua obra. Quero muito isso, mas ainda não consegui. Não entendo o porquê de tanta angústia e me culpo por não ter fé. Mas ouvi duas músicas que me ajudaram a refletir e se não deram todas as respostas que eu queria, pelo menos fizeram com que eu começasse a refletir não no "porquê", mas no "para que" de tais fatos terem lugar em minha vida.

Não sei o que você está vivendo agora, mas não importa. Deus está conosco, TODO o tempo. Ele sabe de todas as coisas. Nada pode nos separar dEle. Mesmo que não sintamos, está ao nosso lado. Confie nisso, e ouça essas canções. Medite nelas, e creia:

"Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor." Romanos 8:38-39

"Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos." Romanos 8:24-25



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Há solução para mim

Ontem, antes de dormir, pensei em várias coisas. Foram tantas que nem me lembro de todas. Mas hoje, estudando a lição da escola sabatina, deparei-me com uma pergunta que tem tudo a ver com o que senti na noite passada: Quando você fez pela última vez uma boa avaliação de si mesmo, seus motivos, suas ações e seus sentimentos? Essa pode ter sido uma experiência muito dramática, não pode? Qual é sua única esperança?

Ontem fiz essa autoavaliação. E fiquei mesmo me sentindo mal. Triste por saber quão falha e pecadora sou. Como diz a Bíblia, "Não há justo, nem um sequer" (Romanos 3:10).

Isso nos deixa cabisbaixos. "Todos pecaram e carecem da glória de Deus". A frase de Paulo até hoje ecoa em nossos corações, relembrando-nos de quão miseráveis somos. E mesmo se somos cristãos e conhecemos a Bíblia, não estamos isentos de culpa: "Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas. Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas. Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? (...) e, porém, tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; que conheces a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído na lei; que estás persuadido de que és guia dos cegos, luz dos que se encontram em trevas, instrutor de ignorantes, mestre de crianças, tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade; tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa" (Romanos 2:1-3, 7-24).

É tão triste ler isso. Ainda mais quando me lembro de que julgar é um dos meus piores defeitos. Fico procurando erros nos outros, seja pra mostrar que eu sou melhor, ou porque não me acho "lá essas coisas", e fico querendo diminuir os outros para me sentir um pouquinho melhor, seja porque tenho baixa autoestima e não me sinto bem como pessoas que parecem não ter esse problema, e tento ver algum defeito em quem parece não ter nenhum, como forma de me consolar... São tantas as justificativas, mas nenhuma torna aceitável essa atitude que não só eu, mas tantos de nós temos.

Mas fico feliz em saber que há salvação para nós também. Louvado seja Deus por isso. Apesar de sermos maus, Deus é sempre bom para conosco. Veja o que encontrei nessa lição que estudei hoje:

Embora sejamos maus, nossa situação não é sem esperança. O primeiro passo é reconhecermos nossa absoluta pecaminosidade e também nossa incapacidade de fazer qualquer coisa por nós mesmos a esse respeito. É obra do Espírito Santo provocar essa convicção. Se o pecador não Lhe resistir, o Espírito o levará a se desfazer da máscara de autodefesa, presunção e justificação própria e lançar-se sobre Cristo, pleiteando Sua misericórdia: “‘Ó Deus, sê propício a mim, pecador!’” (Lc 18:13).


Aleluia! Há esperança, mesmo para quem se acha o maior dos pecadores! Se nos arrependermos e buscarmos a Deus, Ele é misericordioso para não só nos aceitar, como nos transformar. Não sei qual é seu defeito, se é a hipocrisia, o julgamento, a ira, a inveja, a contenda, a luxúria... O que sei é que sempre há uma solução. E o nome dela é Cristo. Busque-o, clamando, ‘Ó Deus, sê propício a mim, pecador!’, e verá que a resposta virá prontamente. Há esperança para todos nós. Que alegria, pois Deus nos ama, apesar de sermos quem somos. Mandou Seu filho para morrer por nós, e agora temos direito ao que Ele tinha e abriu mão para vir aqui nos salvar. Que Deus maravilhoso!

sábado, 10 de julho de 2010

Um pastor, um rei...

"Disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás pena de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque, dentre os seus filhos, me provi de um rei." - I Samuel 16:1

Muitos conhecem Davi por ter derrotado o gigante Golias. Outros o conhecem pelo relacionamento extra-conjugal que teve com Bate-Seba. Outros ainda o lembram como pai de Salomão. Mas nem todos sabem como tudo começou.

Davi era o mais novo dos oito filhos de um homem chamado Jessé. Ninguém sabia ainda, mas Deus o havia escolhido para ser o rei. E enviou o profeta Samuel para dar essa notícia à família. Quando Jessé soube disso, mandou chamar seus filhos e um a um, a partir do mais velho, foram levados a Samuel.

O profeta de Deus até que se animava quando via os belos e fortes rapazes. Inclusive, ao ver o primeiro, Eliabe, pensou logo: "Certamente, está perante o Senhor o Seu ungido". Mas Deus logo mostrou que não era aquele, dizendo a Samuel: "Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração" (I Samuel 16:7).

E assim, um a um os filhos passavam, e Samuel dizia: "Não é este". Por fim, não restava mais ninguém. E Samuel perguntou a Jessé se ainda havia outro filho, pois a nenhum daqueles o Senhor havia escolhido. E sim, havia outro. O mais novo, que era pastor e se chamava Davi.

Sempre que chego nessa parte da história, lembro de Cinderela. Quando o príncipe chegou na casa em que ela morava com sua madastra e meias-irmãs, claro que a madastra falou que não havia mais ninguém porque não queria que uma pobre escrava fosse princesa no lugar de suas filhas. No caso de Jessé, talvez ele não imaginasse que Deus escolheria justo o mais novo, mais franzino, um simples pastorzinho. Mas foi o que Deus fez. Quando Davi entrou, o Senhor disse a Samuel: "Levanta-te e unge-o, pois este é ele. Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apossou de Davi" (I Samuel 16:12-13).

Às vezes, pensamos que não somos ninguém. Não temos importância, não valemos a pena, nem nossos pais "botam fé" em nós. E isso vai fazendo nossa autoestima cair até chegarmos no fundo do poço. Mas a verdade é que, quando Deus quer nos usar, ele não se importa com o que os outros pensam. Não importa se o acham muito fraco, muito simples, muito bobo. O homem vê o que está por fora; só Deus pode ver o que está dentro de cada um de nós. Por isso, não pense de si o que os outros pensam, mas procure ver como Deus vê. Peça a Ele essa capacidade. Não para se tornar arrogante, e sim para dar a si mesmo o valor que tem. Lembre-se disto: onde o homem vê só um pastor, Deus enxerga um rei...

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